O prejuízo acumulado refere-se a 22 de fevereiro de 2016, quando começou a nova operação do transporte coletivo pós-licitação, até outubro deste ano. Entretanto, conforme demonstra a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), apesar de a crise ter se acentuado após o contrato de concessão, parte do problema teve início há mais tempo.
Desde a implantação da segunda passagem gratuita, em julho de 2011, o sistema de transporte vem registrando uma grande variação entre receita e custo. Enquanto a receita aumentou 9,52%, de 2012 a 2016, o custo com salários e combustíveis no período, cresceu 39,55% e 36,66% respectivamente. “O nosso gasto com pessoal e diesel, que representa 70% dos custos, aumentou quatro vezes em comparação a nossa receita. Isso, aliado à queda sem precedentes no número de passageiros, tem motivado um prejuízo que só multiplica a cada dia”, explica o diretor executivo da ATP, Gustavo Simionovschi.
Dados da entidade revelam que de janeiro a setembro de 2017, em comparação ao mesmo período do ano passado, há uma diferença de 10,9% na quantidade de passageiros pagantes transportados. Conforme destaca Simionovschi, esse fenômeno é resultado de um conjunto de fatores, entre eles, o número de benefícios concedidos. Hoje, 35,7% dos usuários de ônibus têm isenção da tarifa.
Além do alto percentual de gratuidades, o diretor aponta como outras causas para a queda no número de passageiros, a falta de políticas públicas que priorizem o transporte coletivo, o surgimento dos aplicativos de transporte particular e a crise econômica do país que implica em elevação do índice de desempregados. “Como não há nenhum subsídio e todo o custo é dividido somente entre quem paga passagem, acaba ficando oneroso para esse usuário, o que o afasta do serviço e faz com que migre para outros meios. Também deveria haver maior incentivo ao uso do transporte coletivo, através, por exemplo, da criação de faixas exclusivas, o que tornaria o sistema mais ágil e atraente”, avalia.
Diante do cenário, o dirigente alerta que a continuidade do serviço está ficando inviável. “Se o quadro de insuficiência econômico-financeira permanecer, mesmo que o contrato assegure o seu equilíbrio, as empresas terão suas atividades suspensas, não por vontade, mas por total impossibilidade de continuarem operando”, conclui Simionovschi. Para minimizar o impacto de um reajuste de tarifa, uma das sugestões apontadas pelo diretor seria a reavaliação de isenções, o que significa encontrar alguma fonte de custeio ou outra alternativa para que o ônus da gratuidade não recaia apenas sobre o bolso do usuário que paga passagem.
Fonte: ATP