O conceito de “Sistema de Transporte Coletivo” caiu em desuso. Assim como em tantas outras áreas, funções profissionais ou serviços, o cenário da pandemia gerou transformações neste setor. Durante o auge dos casos de coronavírus e agora na fase da retomada foi crucial o modal ônibus não parar – esforço necessário para que os profissionais em hospitais e postos de saúde não ficassem desatendidos, e toda a cadeia de serviços essenciais não entrasse em colapso também. Cabe salientar que todos os protocolos de segurança foram criados, aceitos e respeitados pelos porto-alegrenses e tiveram êxito sob esse aspecto.
Você imagina não termos coleta do lixo urbano, seja orgânico ou seletivo? Que outro destino daríamos aos resíduos? Do mesmo modo, para muitas pessoas é inviável outra opção de transporte para deslocamentos urbanos que não através do ônibus.
Neste processo, nasce um novo conceito, o “Ecossistema de Transporte Coletivo”, que remete à ideia de que somos todos dependentes diretos ou indiretos deste serviço essencial na cidade. Para cada pessoa que não utiliza o ônibus devem existir entre 10 ou 20 que dependem deste meio de transporte – e prestam serviços a ele! Pense na sua rotina: você leva o seu carro para revisão, vai ao supermercado, faz compras no shopping, tem alguém que faz manutenção na sua casa e cuida da portaria do seu prédio, tem um cuidador para seu avô/avó, um profissional checando seu consumo de água e luz, entregando suas correspondências ou compras de e-commerce. Enfim, esta lista poderia terminar nas próximas duas ou três páginas – tudo para mostrar que há pessoas trabalhando em diferentes locais, permitindo que nossas vidas sigam um fluxo minimamente “normal”, se é que podemos falar assim no atual contexto.
O Ecossistema de Transporte Coletivo tem como propósito conscientizar a população da sua importância e impacto direto para todos. Ou seja, ele é estruturante dos sistemas de saúde, do comércio, do sistema bancário, de serviços públicos, entre outros. Portanto, é fundamental que as políticas públicas, criadas e geridas pela sociedade, estejam atentas ao ônibus sob esta óptica.
Por Francis André Rauber – Gerente de Projetos ATP