A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), que representa as empresas privadas de ônibus da Capital, faz um alerta. De acordo com a entidade, as companhias já acumulam um déficit de mais de R$ 124 milhões, contabilizados a partir do início do novo contrato, em fevereiro de 2016. Tamanho rombo deverá resultar, nos próximos meses, em atraso no pagamento dos salários dos rodoviários e até mesmo do décimo terceiro. “As empresas lamentam e estão fazendo todo o possível para sobreviver à crise que enfrentam, mas infelizmente os recursos estão se esgotando. Houve um grande esforço para retardar a chegada deste momento, porém é fato que até o final do ano, compromissos que até então estavam sendo honrados, serão afetados, o que inclui o pagamento dos funcionários”, declarou o diretor executivo da ATP Gustavo Simionovschi.
Conforme o dirigente, a crise aguda e o balanço financeiro negativo das empresas comprometem a aquisição de crédito, o que restringe as alternativas. Simionovschi diz que se a situação continuar nesse patamar, todo o serviço acabará prejudicado. “Foram adquiridos 296 ônibus novos em fevereiro do ano passado. Além de arcar com os custos desse investimento, as empresas precisam manter diariamente itens básicos para a operação como, por exemplo, o combustível. Chegará um momento em que não haverá mais condições de comprar diesel para os ônibus. O que impedirá, obviamente, que eles circulem. Será inviável renovar frota e sustentar o processo de qualificação do sistema, o que culminará na falência do setor e de uma atividade que tem papel fundamental na mobilidade urbana e na rotina da cidade”, conclui o diretor.
Como causadores do problema, Simionovschi aponta um conjunto de fatores. O principal deles é a queda no número de passageiros que já atinge, de janeiro a setembro deste ano, 10,9% em comparação ao mesmo período do ano passado. Junto a esse aspecto está o alto índice de isenções, quase 36%, o maior entre as capitais sem subsídio. E há, ainda, segundo identifica o diretor, a crise econômica do país, o que eleva a quantidade de desempregados. “É preciso criar uma política de priorização do transporte coletivo, para que ele possa se tornar mais ágil e acessível. As empresas têm convicção e consciência de que uma tarifa alta afasta o passageiro. Hoje temos uma passagem que é cara para o usuário e que ainda assim não cobre os custos do serviço. Esse modelo está insustentável”, finaliza.
Fonte: ATP
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