Em busca de novas soluções para antigos problemas que afetam gravemente a mobilidade urbana dos brasileiros, especialmente no transporte público por ônibus, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) lançou ontem, em Brasília, uma iniciativa inédita: o Coletivo, Programa de Inovação em Mobilidade Urbana. O Coletivo vai promover soluções para o transporte público coletivo por meio da criação de um “hub” nacional de inovação, um espaço dedicado ao desenvolvimento de ideias, processos, produtos e serviços voltados para melhorar o sistema de transporte público. O programa inclui também a criação de uma rede de inovação em mobilidade urbana.

O objetivo do Programa é tornar a mobilidade urbana um elemento propulsor do desenvolvimento dos centros urbanos, com foco no atendimento das necessidades dos clientes do serviço. O lançamento reuniu cerca de 200 autoridades, empresários, pesquisadores e inovadores de todo o Brasil na sede da Confederação Nacional dos Transportes.

De acordo com a NTU, idealizadora e gestora do Programa, a ideia é engajar todos os segmentos envolvidos no transporte coletivo numa iniciativa comum voltada à inovação para tornar o transporte público sustentável e eficiente. “Sofremos com a falta de políticas públicas, de prioridade ao coletivo urbano nas vias, que geram congestionamentos, com o consequente aumento do preço das passagens e a fuga de passageiros, que levam à perda de produtividade do serviço” esclareceu Otávio Cunha, presidente executivo da NTU, ao definir o atual cenário do transporte público no Brasil durante o lançamento do Programa.

Para o setor, equacionar esses gargalos que afetam drasticamente o serviço em todo o país passa pela flexibilização da legislação que regula o setor, a fim de abrir espaço para novos serviços que permitam ampliar a oferta e alcançar o equilíbrio financeiro da operação. “O Programa Coletivo tem um objetivo ambicioso, que é recuperar a demanda perdida com ações estratégicas e foco no passageiro”, aponta o presidente da NTU. “Só podemos alcançar essa meta por meio do investimento em tecnologia e inovação”.

O secretário nacional de mobilidade Urbana, Jean Carlos Pejo, compareceu ao lançamento e anunciou sua adesão ao Programa. “Podem ter certeza de que dentro da Secretaria de Mobilidade Urbana o engenheiro Jean Carlos Pejo estará junto nesse Coletivo”, afirmou. Ele elogiou o foco do Programa no cliente. “Aqui eu ouvi falar de pessoas e isso me deixa muito satisfeito”, destacou.

A inovação também chega ao setor com propósito de promover reflexão sobre as mudanças que vêm ocorrendo na forma como as pessoas se relacionam com os modos de transporte. De acordo com o coordenador do Conselho de Inovação da NTU, Edmundo Pinheiro, empresário do setor em Goiânia e Brasília e conselheiro da NTU, o fenômeno da perda de demanda do transporte público é generalizado e preocupa. “A queda no número de passageiros está ocorrendo em todo o mundo e não só no Brasil, segundo pesquisa da APTA, entidade que consolida e reúne autoridades e operadores do sistema público de transporte americano. Ela aponta queda de 2,8% no número de usuários do transporte em 2018”, destacou durante o evento.

Para o coordenador do Conselho de Inovação da NTU, esse cenário mundial só corrobora o entendimento de que há uma mudança na matriz de deslocamento nas cidades, incluindo as brasileiras, onde a preferência pelo modo individual ganha maior relevância. “Nos últimos cinco anos de crise econômica no Brasil não houve redução de automóveis nas vias. O que está mudando é o comportamento das pessoas nos deslocamentos diários e o aumento do nível de exigência”, avaliou Edmundo.

Mesmo assim, o coordenador entende que as cidades não vão suportar a mobilidade baseada em modos individuais, cujo aumento só intensifica o caos no trânsito, entre outros impactos negativos. Por isso, avalia que para manter a qualidade de vida urbana é imprescindível investir em soluções coletivas, como propõe o Programa lançado. “Todas as inovações disponíveis visam modos individuais e não à mobilidade coletiva e sustentável, mas o Programa Coletivo pretende mudar essa realidade”, reforçou.

Pessoas

O Coletivo prevê um amplo leque de temas a serem trabalhados, de novos modelos de negócio a tecnologias voltadas para sistemas de informação aos usuários, meios de pagamento, bilhetagem eletrônica, telemetria, monitoramento de frota, entre outras, ou mesmo inovações disruptivas capazes de moldar o transporte público do futuro.

Os projetos serão realizados por meio de parceiras envolvendo toda a rede de inovação, que contempla passageiros, operadores, indústria, prestadores de serviços, pesquisadores, inovadores e financiadores, entre outros atores. “Ser membro desse ecossistema trará benefícios aos parceiros”, destacou o diretor técnico da NTU, André Dantas. O Programa prevê três tipos de parceiros, de perfil institucional, de conteúdo e/ou parceiro patrocinador. Todos poderão acompanhar e participar de todas as atividades previstas, que incluem a realização do 1º Hackinnovation Coletivo, onde desenvolvedores poderão submeter suas propostas inovadoras a um júri, que selecionará as melhores ideias a serem apoiadas. Haverá ainda mentorias, workshops e eventos de inovação. Para conhecer melhor o Programa e fazer parte dele, acesse: www.coletivo.org.br.

Fonte: Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos – NTU