Para a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) a diferença de tarifa entre ônibus e lotação, que vai de 1,4 a 1,5 vezes, é essencial para a sobrevivência do sistema de transporte coletivo. A entidade enfatiza que, diferente de outros meios, o ônibus cumpre um papel social, transportando passageiros isentos da tarifa. “São os passageiros pagantes que sustentam esse modelo social. Se essas pessoas migrarem para outro meio, o sistema por ônibus, que já vem perdendo usuários pelo surgimento dos transportes por aplicativo, estará fadado à falência gradual”, avalia o diretor executivo da ATP, Gustavo Simionovschi. O diretor também recorda que a regra em relação ao valor faz parte do contrato de licitação do serviço, que está em desequilíbrio com a queda contínua no número de usuários. “O prejuízo passa dos R$ 140 milhões”, revela.
Além dos aplicativos, outros fatores como o desemprego e a falta de políticas que priorizem o coletivo, estão entre os motivos que contribuem para a perda de passageiros. “Em 2008 nós transportávamos uma média de 20 milhões de usuários pagantes por mês. Em 2018 esse número caiu para 14 milhões. Então, também estamos com grandes dificuldades, assim como os transportadores por lotação. Mas, diminuir a diferença de valor entre os dois meios, não vai resolver o problema e ainda irá acentuar a crise no sistema estruturante de transporte da Capital”, destaca Simionovschi, que também entende ser fundamental reduzir a tarifa para a atratividade do serviço. Como medidas, sugere encontrar outras fontes de custeio para as isenções, dar agilidade ao ônibus com mais faixas exclusivas e desonerar o transporte coletivo retirando impostos.
O diretor pondera que o coletivo e o seletivo são transportes com perfis diferentes, mas que compõem a mobilidade da cidade, e como meios regulamentados e altamente regrados, devem atuar juntos e não como concorrentes. “Devemos buscar que os outros meios também tenham regras, para uma concorrência justa, para a segurança dos usuários e trabalhadores e para uma mobilidade eficiente”, finaliza.
Fonte: ATP