O custo da mobilidade urbana é uma pauta que passou a estar presente no nosso cotidiano, impulsionada principalmente pelo surgimento dos aplicativos em transporte e crescimento da indústria automobilística. No final de 2019, tivemos em discussão um projeto de lei do Executivo que previa a retirada parcial da função de cobrador, em algumas faixas horárias, no sistema de transporte coletivo por ônibus em Porto Alegre.
Observando as discussões sobre o assunto, não tem como evitar relembrar algumas profissões que deixaram de existir mediante o avanço tecnológico. O ascensorista é um exemplo clássico. A profissão, anos atrás, tinha três funções importantes. A primeira, abrir e fechar as portas do elevador. A segunda, pressionar os botões relacionados aos andares solicitados. E a última, acionar uma manivela com o objetivo de dar o início ou a chegada no andar programado. Uma a uma, as funções foram sendo eliminadas.
Na aviação comercial, eram três na cabine de pilotagem; piloto, copiloto e engenheiro de bordo. O engenheiro de bordo não existe mais, e a aviação comercial é atualmente um dos seguimentos do transporte mais próximo a ter uma pilotagem 100% autômata. Inclusive, no sistema metroferroviário, trafegar as composições sem “piloto” ou “maquinista” já não é novidade há muito tempo.
Atualmente, 66% dos municípios brasileiros não têm ou possuem parcialmente cobradores nos seus coletivos. Também é verdade que 80% das transações financeiras dentro do ônibus são feitas através de cartão, somente 20% são em moeda corrente. Há 12 anos, antes da bilhetagem eletrônica, 100% das transações eram manuais.
Importante ressaltar que nas transações com cartão não é necessário apresentar identidade ou digitar algum tipo de senha. Basta aproximar o cartão da leitora e o bloqueio é liberado, muito semelhante à forma de ingresso nos portões de embarque dos aeroportos.
Nos próximos meses ocorrerá a implantação do QR Code e da recarga on-line, o que fará o volume de pagamento em dinheiro diminuir ainda mais. Assim, enquanto as novas tecnologias geram novos campos de trabalho, trazendo segurança, agilidade e controle para o nosso dia a dia, muitas profissões insistem, mesmo em 2020, em interpretar o papel de “ascensoristas”.
Por Antônio Augusto Lovatto – Engenheiro de Transporte