Um levantamento feito pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) mostrou que o sistema de transporte público do Brasil teve uma perda diária de 3,6 milhões de passageiros em 2017. O número representa redução média de demanda de 9,5% com relação ao ano anterior.

Segundo a NTU, a redução é a terceira maior desde o início da série histórica. Os dados são do Anuário 2017-2018, feito pela associação.

Além disso, o estudo mostra que o transporte público por ônibus perdeu 35,6% dos passageiros pagantes em mais de 20 anos. Segundo a NTU, a perda explica o aumento das tarifas, por serem menos usuários rateando os custos da operação.

A associação aponta ainda que a oferta do serviço não é reduzida na mesma proporção da queda do número de usuários. Mais um fator para justificar o aumento das tarifas, na visão da NTU.

“Outro agravante da situação é a sobrecarga das gratuidades concedidas a estudantes, idosos e outros passageiros definidos em lei, que em um ano passou de 17% para 20,9%. Isso significa que um em cada cinco passageiros viaja de graça atualmente; como esse custo também é rateado entre os usuários pagantes, o maior o peso das gratuidades também encarece o valor das tarifas”, informou a NTU, em nota.

Por fim, o estudo mostra que a diminuição da demanda foi agravada nos últimos cinco anos. Desde 2014, foi acumulada uma perda média de 25,9% dos passageiros pagantes.

O estudo foi feito com base em nove capitais analisadas: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. A NTU comparou o desempenho do setor levando em consideração os meses de abril e outubro de cada ano.

COMBUSTÍVEL E FROTA

O levantamento também mostra que a frota e o preço do combustível também impactam diretamente no comportamento do setor de ônibus. Dados mostram alta variação no valor do diesel e redução do número de veículos em circulação.

Conforme divulgado pela NTU, a variação acumulada do diesel foi 11,2% superior ao Índice Nacional de Preços Amplo ao Consumidor-IPCA em 2017. “Nos últimos 19 anos o aumento do óleo diesel foi 254,1% superior ao IPCA e 171,5% superior ao valor da gasolina no mesmo período” – informou a associação, em nota.

A associação ressaltou que somente o óleo diesel representa 22% do custo total do sistema, em média. “Considerando a variação acumulada do óleo diesel ao longo do ano de 2017, que foi de 8,4%, isso representa um impacto direto de 1,9% nos custos e, consequentemente, nas tarifas”.

A frota, por sua vez, teve redução de 6,7% em 2017, comparando a 2016, de acordo com os índices médios alcançados nos dois meses analisados pela NTU. Desde o início do monitoramento do índice, em abril de 2013, houve uma redução de 10,9% da frota de ônibus total dos nove sistemas de transporte considerados pela associação.

A idade média da frota, por sua vez, apresentou aumento pelo sexto ano consecutivo em 2017, aumentando 9,6%. Nas nove capitais analisadas, passou a ser de cinco anos e seis meses, considerando o valor médio dos meses de abril e outubro do último ano.

Fonte: Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos – NTU